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PLANTANDO UMA MATA

Estou plantando uma mata de espécies nativas brasileiras e dei a ela o sobrenome do meu pai, Décio de Campos Ribeiro, de quem herdei o amor pela natureza. A ideia de plantar uma mata veio chegando aos poucos e se concretizou em outubro de 2013, quando o Ipê Amarelo da minha rua produziu sementes. Poucas vagens recolhidas com escada, no meio da rua, continham aproximadamente 3 mil sementes. Leia mais aqui.

Silvia Valentini

02/06/2014

A música da natureza

Antes de nós

Antes de nós nos mesmos arvoredos 
Passou o vento, quando havia vento, 
E as folhas não falavam 
De outro modo do que hoje. 

Passamos e agitamo-nos debalde. 
Não fazemos mais ruído no que existe 
Do que as folhas das árvores 
Ou os passos do vento. 

Tentemos pois com abandono assíduo 
Entregar nosso esforço à Natureza 
E não querer mais vida 
Que a das árvores verdes. 

Inutilmente parecemos grandes. 
Salvo nós nada pelo mundo fora 
Nos saúda a grandeza 
Nem sem querer nos serve. 

Se aqui, à beira-mar, o meu indício 
Na areia o mar com ondas três o apaga, 
Que fará na alta praia 
Em que o mar é o Tempo?

  Ricardo Reis - por Fernando Pessoa


Hoje é um dia de vento. E num dia assim a natureza dá a impressão de se comunicar conosco de maneira mais intensa. As áreas  sombreadas ficam fresquinhas, quase frias. Mas, quando nos expomos ao sol, de imediato nos deixamos envolver por um calor gostoso.

A vegetação tem maneiras diferentes de se comunicar. Lá no alto, as folhas das palmeiras produzem um som fininho, de folhas de papel. O som do bambu ao vento também sabe ser sutil, nas suas folhas delicadas. Mas o bambu gigante range, poderoso, lembrando som de carro de boi, e estrala, ao esbarrar um no outro.  

Já as folhas do curculigo, largas e plissadas, batem umas nas outras, ondulando  em movimento harmonioso. Os cachorros parecem apreciar esse som, pois sempre se metem na touceira e lá por dentro ficam caminhando, como se por prazer, um entra-e-sai diário. As folhas mais largas do curculigo são bem duras e soam diferente das bananeiras, também largas porém molengas, e que produzem um som mais macio nas suas franjas.

Mais um pouco e começará a chover. Aí sim, será possível perceber bem o ressoar das folhas, a música diferente que cada uma delas sabe entoar.
O professor americano John M. Hull, nascido em 1953, aprendeu a perceber e apreciar essa música. Cego desde 45 anos de idade, ele descreve um dia de brisa suave:

Isso traz todos os sons do meio ambiente. As folhas sussurram, pequenos pedaços de     papel voam pela calçada, os muros e esquinas dos grandes prédios distinguem-se sob o impacto do vento, eu posso sentir no cabelo, na face, nas roupas. Um dia meramente morno, eu suponho que seja agradável, mas o vento torna tudo mais emocionante, pois subitamente propicia o sentido de espaço e distância. O trovão coloca o telhado sobre a minha cabeça, bem alto, abobadado, estrondoso. Eu entendo quando estou em um espaço grande, considerando que antes nada percebia. A pessoa que enxerga sempre tem um teto sobre sua cabeça, na forma de céu azul, nuvens, ou estrelas. O mesmo acontece para pessoas cegas, com o som do vento nas árvores. Ele cria árvores, a pessoa passa a se sentir cercada de árvores, quando antes não havia nada. 
HULL, John M. On sight & insight – a journey into the world of blindnessOneworld, 1997. Tradução minha.

Curculigo - Curculigo capitulata




                                                


O entra-e-sai na touceira de Curculigo


Teco - Dogue Alemão - 9 anos - 70kg

Melina - Vira-lata 14 anos


Kata (Dogue alemão - 3 anos - 60kg)
 

Escondidos










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